sábado, 15 de maio de 2021

Jogos na intervenção psicopedagógica

    Os jogos são excelentes ferramentas na intervenção psicopedagógica. O aprendente ao interagir com os jogos constrói sua aprendizagem, permitindo ao psicopedagogo estimular e desenvolver a parte cognitiva e psicomotora do seu aprendente e consequentemente a aquisição de novas habilidades e competências de uma forma lúdica e divertida.

    É importante que o atendimento psicopedagógico se diferencie da sala de aula, a fim de motivar o aprendente e dessa forma atingir o objetivo da intervenção que é melhorar o processo ensino aprendizagem, vencendo as barreiras que por ventura estejam atrapalhando nesse processo. 

    Durante o jogo é possível desenvolver habilidades que colaboram com a aprendizagem. Pois, um mesmo jogo é capaz de desenvolver diversas habilidades ao mesmo tempo. De acordo com Ide (2011),

o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral. Para Piaget, o jogo é a construção do conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e o seu tempo, desenvolvem a noção de causalidade, chegando à representação e, finalmente, à lógica (Ide, 2011, p. 106-107).  

    
    Mas, não é apenas as crianças que se beneficiam de jogos para a aquisição da aprendizagem, os jovens, adultos e idosos também porque são ótimos para estimular as funções executivas, assim como outras habilidades e competências. Basta escolher o jogo de acordo com a faixa etária e o objetivo que se quer atingir. 

    Todos os jogos desenvolvem o uso de regras (todo jogo tem regra e é importante segui-las), quando usado em grupo ou dupla estimula também a socialização, assim como o perder e ganhar, a autoestima, aguardar a vez e o respeito com o adversário, tópicos complicados para algumas crianças e até mesmo adultos.
 
    Por isso preparei uma relação de jogos e os benefícios que trazem nesse processo de estimulação cognitiva e psicomotora. 

Adequado para diversas faixas etárias:
  • Dominó:  É excelente para trabalhar o raciocínio lógico e aritmético, o parameamento de cores e números, a flexibilidade cognitiva, além de estimular a atenção, foco, concentração, planejamento e tomada de decisão. 
  • Quebra-cabeça: estimula a coordenação motora, percepção e orientação espacial e visual, memória, capacidade de resolução de problemas, persistência, atenção, concentração e foco. 
  • Detetive: embora seja um jogo diferente para cada faixa etária, tem os mesmos objetivos. Estimula a memória, o raciocínio lógico, flexibilidade cognitiva, a criação de estratégias para se chegar ao objetivo, a atenção, concentração e foco, desenvolve também o potencial de investigação e tomada de atitude do jogador. 
  • Jogo da velha e o XadrezEstimula o raciocínio, a lógica, estratégia, resolução de problemas, a memória, o planejamento, tomada de decisões, a prever o movimento do adversário, a formação de sequência, a flexibilidade cognitiva, atenção, concentração e foco, além de desenvolver a paciência.
  • Palavras cruzadas: Estimula a memória, a flexibilidade cognitiva, a criatividade, o raciocínio, a escrita, o vocabulário, a leitura, e alguns tabuleiros ainda trabalham operações matemáticas, pois cada espaço e letra corresponde a um valor. 
  • Stop: excelente para estimular a memória, a criatividade, a rapidez no raciocínio, a escrita, o vocabulário e a leitura, assim como a atenção e a concentração. 
  • Resta 1: é um jogo de raciocínio lógico, que auxilia no desenvolvimento da coordenação motora, lógica, raciocínio matemático, atenção e concentração, antecipação, planejamento, tomada de decisão e orientação espacial. 
  • Lego: desenvolve a criatividade, a imaginação, simbolização, percepção das cores, formas e tamanhos, categorização, além dos aspectos psicomotores como lateralidade, organização espacial, coordenação motora fina e oculomotora. 
  • Genius: estimula a memória, os reflexos, a agilidade no raciocínio, a concentração, atenção e foco, além de trabalhar as cores, o sequenciamento de cores e o tato.
  • Quem conta um conto: excelente para desenvolver a criatividade, a imaginação, a memória, a flexibilidade cognitiva, a atenção e concentração. E, é possível ir além, depois da brincadeira, pode-se pedir que os integrantes escrevam a história criada em conjunto, estimulando mais ainda a memória, assim como a escrita, a estrutura narrativa e a construção de parágrafos.
  • Trilha: estimula a estratégia, concentração, raciocínio lógico, atenção e observação.  
A partir de 8 anos:
  • Banco imobilíario: ótimo recurso para trabalhar educação financeira, operações matemáticas, foco, atenção, planejamento, flexibilidade cognitiva, tomada de decisão. Para crianças mais novas, tem o jogo: dia da mesada que tem os mesmos objetivos. 
A partir de 7 anos: 
  •  Jogo da Vida: também contribui para a educação financeira e a estimulação de funções executivas como: memória, flexibilidade cognitiva, tomada de decisões, planejamento por meio de situações cotidianas relacionadas à família, profissão e o uso adequado do dinheiro. Além de estimular a atenção, concentração e foco. 
  • Uno: desenvolve a percepção visual e auditiva, coordenação motora, atenção e concentração, memória, lógica, orientação espacial e temporal, identificação de cores, leitura, noção de números e quantidades, o reconhecimento de letras e números, o raciocínio lógico, noção de sequência, a flexibilidade cognitiva. 
  • Trunfo: desenvolve a percepção visual e auditiva, coordenação motora, atenção e concentração, memória, raciocínio lógico, leitura, noção de números e quantidades, o reconhecimento de letras e números, a noção de sequência e a flexibilidade cognitiva. 
    Existem ainda alguns jogos mais didáticos como o jogo da tabuada divertida: para trabalhar de forma lúdica a memorização da tabuada; O espião de palavras que trabalha ortografia, escrita, leitura, classificação morfológica das palavras, raciocínio, atenção e concentração; Com que letra? é um excelente jogo para trabalhar a ortografia de palavras com dígrafos, e com sons parecidos. 

    Com essa relação é possível perceber o amplo leque de possibilidades que os jogos trazem para auxiliar na aquisição e construção da aprendizagem, desvinculando da metodologia mais categórica que é praticada no ambiente escolar. O que promove no aprendente motivação, bem-estar, além de melhorar a autoestima. Por isso, a psicopedagogia costuma usar, também em suas intervenções, diferentes tipos de jogos como estratégias para atuar nas dificuldades de aprendizagem e assim promover uma aprendizagem efetiva.  

Referência:
IDE, S. O jogo e o fracasso escolar. In: KISHIMOTO, T. (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo: Cortez, 2011.

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