sábado, 21 de novembro de 2020

Resenha do filme: Mary e Max: Uma amizade diferente

    Embora seja uma animação "claymation" (técnica de animação baseada em modelos de massa de modelar, barro ou material parecido), não tem nada de infantil. Apresenta vários temas, tais como: amizade, solidão, "bullying", depressão, negligência, alcoolismo, suicídio, agorafobia, Síndrome de Asperger (é um estado do espectro autista), obesidade, entre outros. Entretanto, traz muitas mensagens bonitas.

    A trama, baseada em fatos reais, retrata uma amizade improvável entre Mary e Max. Mary, uma menina de oito ano que vive na Austrália e Max, um novaiorquino de 44 anos, obeso, cujo o pai o abandonou quando criança e sua mãe se suicidou. Porém, ambos tem um aspecto em comum: são solitários.

    Mary sofre bullying na escola por ter uma marca de nascença na testa e por isso não tem amigos. Cresceu ouvindo de sua mãe que fora um acidente, fruto de uma gravidez não desejada. O pai trabalha fora e quando chega a casa dedica-se à taxidermia, enquanto a mãe afoga as mágoas no álcool. Ou seja, Mary é negligenciada pelos pais e tem um vizinho que sofre de agorafobia (transtorno de ansiedade cujos sintomas são medo e reclusão). Até que um dia, ela decide se corresponder com alguém por meio de cartas, pois para ela dessa forma ela poderia encontrar um amigo. Então, encontra o endereço de Max na lista e envia uma carta para ele com o seguinte questionamento: De onde vem os bebês? Curiosidade comum de criança. Mal sabia ela que Max também não tinha amigos.  E, assim uma nova amizade inicia.

    Muitos podem pensar que uma amizade entre um adulto e uma criança poderia ser caracterizada como pedofilia, contudo o filme deixa claro essa impossibilidade, visto que Max era uma criança no corpo de um adulto. 

    Ao longo do filme, as características da Síndrome de Asperger vão se evidenciando. Max sofre com crises de ansiedade, apresenta estereotipias sempre que algo o estressa, ou sai da "normalidade" , tem problemas de socialização, não consegue chorar, assim como não identifica as emoções e as expressões faciais (para isso ele tem um livro que o ajuda), tem problemas com luzes brilhantes, barulhos e cheiros fortes. 

    O tempo vai passando, a amizade entre os dois se fortalece até que o psiquiatra de Max o aconselha a contar a verdade sobre sua doença a Mary, visto que ninguém é perfeito, todos tem problemas e defeitos. (Uma das mensagens do filme). E assim Max faz. Entretanto, nada mudou e amizade permanece. 

    Mary cresce, perde os pais, casa, vai para faculdade e decide estudar sobre o transtorno neurobiológico que seu amigo tem. Chega até a escrever um livro sobre o assunto, pensando que isso deixaria seu grande amigo feliz, porém o efeito é contrário. Max se sente traído, chateado, magoado... A amizade esfria o que deixa Mary muito triste. 

    Separada e sem a sua amizade com Max, Mary se entrega à depressão, pensa em cometer suicídio, mas é salva pela verdadeira e profunda amizade que ela e Max tinham.

    Um grande aspecto do filme são as cores usadas para retratar o mundo de cada um, o de Mary é marrom, cor favorita da menina e cinza para Max, refletindo tudo que ele considerava caótico. Entretanto, tudo que simbolizava a amizade deles era colorido, contrastando com o cenário.

    Com grande sensibilidade o filme chama atenção para a dificuldade dos relacionamentos humanos e nos faz refletir sobre as diferenças, assim como a importância de se conviver com elas. E de uma forma emocionante mostra como a vida é repleta de dificuldades e injusta aos nossos olhos, mas é dessa forma que traz um grande ensinamento: que temos que ser fortes, e que a amizade é importante para vencermos as dificuldades impostas pela vida.  

   Algumas frases marcantes do longo metragem que nos deixam vários ensinamentos, como:

1) "Ame a si próprio primeiro" (na verdade ambos buscavam por esse amor), 

2) “A vida de todo mundo é como uma longa calçada. Algumas são bem pavimentadas, outras têm fendas, cascas de banana e bitucas de cigarro” (nos mostra exatamente as dificuldades que somos obrigados a encarar durante a vida) - Max

3) "Deus nos dá parentes, mas Graças a Deus que podemos escolher nossos amigos" (Ethel Mumford) Ele escolheu a dela. 

4) "A verdadeira amizade se vê pelo coração, não pelos olhos..." (Max)

5) "Nós não escolhemos nossos defeitos, eles são partes de nós e temos que viver com eles. Nós podemos, entretanto, escolher nossos amigos e eu fico feliz por ter escolhido você" (Max)

6) "Eu acho humanos interessantes, mas tenho dificuldade em compreendê-los." (Max - característica do autista)

    Enfim, filme belíssimo, que nos deixa várias reflexões. Recomendo a todos a assistirem e sensibilizarem com essa linda e "diferente" amizade.   

   

2 comentários:

Como elaborar o PEI - Plano Educacional Individualizado?

    Início do ano letivo, momento de planejar as aula, de conhecer os alunos e claro, preparar o PEI para aqueles alunos que necessitam de u...