domingo, 13 de dezembro de 2020

Resenha do filme: Farol das Orcas

     Filme belíssimo, emocionante, inspirado no livro: "Augustín Corazón", escrito pelo próprio protagonista do filme, o biólogo e guarda-faunas, Roberto Bubas.

    A beleza do filme está na escuta, no olhar diferenciado que Beto tem pelo menino autista, Tristán. No mundo agitado de hoje, em que as pessoas não têm tempo para o outro e muitas vezes nem para si mesmo, Beto soube por meio da paciência, escuta, carinho criar vínculo com o menino, algo muito difícil com crianças com este tipo de transtorno. 

    Bem, o filme narra a história do biólogo Beto e a ligação que ele tinha com as orcas assassinas. Ele era o guarda-fauna na Patagônia Argentina e por isso vivia isolado em seu mundo estudando o comportamento das orcas. Situação que chamou atenção da "National Geographic" e foi assim que Lola e Tristán chegam até ele. 

    Tristán havia sido diagnosticado com autismo aos dois anos. No filme, não evidencia a idade que ele tinha ao conhecer Beto, porém, devia ter em torno de 8 anos. Ainda não apresentava linguagem verbal e vivia apenas com sua mãe Lola na Espanha. Seu pai havia os abandonado quando o diagnóstico do menino foi elucidado. Até então, ele nunca havia demonstrado nenhum tipo de emoção ou empatia por algo ou alguém, mas ao ver a relação que Beto tinha com as Orcas na reportagem da National Geographic, o menino externa seu primeiro sorriso. Sua mãe, desesperadamente, se agarra a essa esperança e parte para Argentina em busca de uma nova "terapia" como ela mesmo chama. A intenção dela é que Beto conseguisse com que seu filho desenvolvesse emoções ao entrar em contato com as orcas, como o biólogo tinha. 

    O primeiro contato deles com Beto não foi do melhor, entretanto, completamente normal, visto que Beto era sozinho, trazia suas dores internas e de repente foi invadido por Lola, Tristán e tudo mais que o autismo traz. Mas, aos poucos, Beto vai estudando sobre o transtorno do espectro autismo e encontra estudos positivos de autistas com golfinhos. Logo, vê a possibilidade de acontecer o mesmo com as orcas, já que o menino se identificava com o animal. Porém, as autoridades já tinham proibido Beto de manter contato com as orcas e seu emprego estava ameaçado se ele insistisse em manter o elo com os animais selvagens. Contudo, Beto não obedece e por meio de muita paciência, carinho, tranquilidade, dedicação, persistência e escuta ele vai criando vínculo com Tristán e conquistando sua confiança. Ou seja, o biólogo se utiliza das mesmas habilidades necessárias para interagir com as baleias. E assim, ele vai ensinando ao menino como criar vínculo com as orcas também.

    Essa parte do filme é mais bonita para mim, como esse vínculo foi criado aos poucos entre eles e entre as temidas orcas. O cuidado, o amor, a amizade que eles foram desenvolvendo entre eles. 

    Portanto, esse filme nos faz refletir sobre o poder da natureza sobre os seres humanos, a importância da escuta, do olhar diferenciado não apenas para a criança autista, mas também para uma mãe que se agarra em qualquer fio que lhe trouxesse esperança. Assim como retrata o autismo como um transtorno neurobiológico que necessita de abordagens específicas que tragam melhorias para vida dessas crianças e não como uma doença que pode ser tratada e consequentemente curada.  

    Recomendo a todos, sem exceção, a se deliciarem e se emocionarem com este longa metragem. 

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