domingo, 29 de novembro de 2020

A importância de ensinar a metacognição ao aprendente

    Antes de entendermos a importância de ensinar a metacognição, precisamos entender o que ela representa. De acordo como o Dicionário Online de Português, o prefixo meta significa aquilo que se quer alcançar, finalidade, objetivo; já a palavra cognição significa aquisição de conhecimento, ação de conhecer, de perceber, de ter ou de passar a ter conhecimento sobre algo. Ou seja, é o processo de como alcançar o conhecimento de algo.

    A metacognição foi definida por John Flavell nos anos 1970 como o conhecimento que as pessoas têm sobre seus próprios processos cognitivos e a habilidade de controlar esses processos, acompanhando, ordenando e alterando-os para realizar objetivos concretos. Segundo Stermberg (2000, p.233), metacognição "é a capacidade de ponderar  nossos próprios processos de pensamento e meios de melhorar nosso raciocínio."

    Portanto, metacognição é a consciência que temos do que estamos aprendendo e de como vamos aplicar esses conhecimentos, transformando-os em reais e concretos. 

     Algumas pessoas aprendem só ouvindo, outras precisam escrever, outras precisam ler... Ou seja, cada indivíduo tem uma forma de aprender e de se adaptar a uma realidade com recursos diferenciados de acordo com suas características e preferências. Daí a importância de estimularmos em nossos alunos, eles entenderem como eles aprendem.

    A metacognição é importantíssima quando nos referimos à aprendizagem seja escolar ou não. Pois auxilia o aprendente a aprender como se aprende porque dessa forma ele será capaz de planejar suas ações futuras baseado nos conhecimentos adquiridos e também identificará suas próprias dificuldades e assim procurará métodos mais eficazes para superar essas dificuldades. 

        A metacognição possui três elementos básicos: desenvolvimento de um plano de ação, monitoramento desse plano e por último a avaliação desse plano, a fim de verificar se a aprendizagem foi concretizada. 

    Esse processo auxilia o aprendizado do aluno e por essa razão deve ser treinada e estimulada em sala de aula. O automonitoramento permite ao aluno perceber que está com dificuldade antes das avalições dos professores e buscar ajuda para corrigir isso. Porém, quando o aluno não tem essa prática, ele apenas perceberá suas dificuldades quando receber a nota da avaliação feita pelo professor. 

    Perceba que as avaliações realizadas pelos professores são de extrema importância, pois é por meio delas que o corpo docente será capaz de verificar o andamento da turma, de cada aluno, de sua metodologia, se será possível avançar ou se será o momento de retroceder em determinado assunto. Contudo, quando o aluno desenvolve essa habilidade é possível intervir antes de um baixo rendimento escolar. 

    Além disso, a metacognição estimula a motivação do aluno em aprender, visto que ele precisa ser ativo no processo ensino aprendizagem. 

    Mas, como ensinar o aluno a desenvolver essa habilidade? Citarei algumas técnicas que podem ser desenvolvidas em sala de aula que permitirão ao aluno entender qual a melhor maneira que ele atinge o conhecimento e se ele está efetivando a aprendizagem. 

- anotações durante a explicação,

-  mapas conceituais,

- resumos escritos ou gravados da matéria;

- destacar com marcador de texto os pontos mais importantes;

- auxiliar o aluno a correlacionar saberes (ou seja, relacionar o conteúdo novo a outro já adquirido)

- questionar o estudante como se chega à solução de uma determinada atividade, que caminhos ele pode usar para atingir o objetivo proposto do exercício;

- levar o aprendente a relacionar o conteúdo em estudo à pratica do mesmo na vida (pois muitos alunos por não entenderem em que situação eles colocarão aqueles conceitos em prática, perdem a motivação);

- autoavaliação ao final da aula (para que ele perceba se atingiu as habilidades que deveriam ser alcançadas com aquele determinado assunto, se ele conseguiu realizar os exercícios propostos pelo professor ou se durante a realização dos mesmos ele apresentou dúvida, se houve, foram sanadas ou a dúvida persiste? Como ele alcançará o conhecimento? Que estratégias o aluno usará para atingir o conhecimento?)

    Esse automonitoramento do aluno também auxilia o professor a perceber o nível do seu corpo discente. Quando o professor induz o aluno ao autoconhecimento, o mesmo é capaz de perceber quando as dúvidas começam e como elas poderão ser sanadas. Portanto, é papel do professor induzi-los quanto à melhor forma de aprendizagem, levando-os a refletir sobre os fenômenos estudados, e a buscar o que ainda falta para efetivar o aprendizado.   

    Porém essa estimulação da metacognição deve acontecer desde a primeira infância, não devemos apresentar a solução pronta para criança, devemos ajudá-la a pensar na melhor estratégia de atingir seu objetivo, e dessa maneira os estudantes ganham confiança na resolução dos problemas, percebem que são capazes. Isso é fundamental no processo ensino aprendizagem. Devemos sempre partir do que as crianças já conseguem fazer e aos poucos introduzir questões mais complexas, todavia, sempre perguntando o que fazer, como fazer, qual é o melhor caminho, ou seja permitindo que a própria criança perceba o melhor meio para se chegar à resposta. Isso também pode e deve ser realizado em casa pelos pais. Lembrando, que escola e família é uma parceria rumo ao sucesso do educando. 

    A criança que se utiliza da metacognição passa a: usar o conhecimento de forma mais organizada, elaborar e executar projetos com mais eficiência, ser mais criativa, lidar mais com as dificuldades, conhecer melhor suas potencialidades e fragilidades, como também, melhorar seu desempenho tanto escolar quanto na vida. Pois esse é um aprendizado que será levado para o mundo fora do âmbito escolar.  

    Portanto, é por meio da metacognição que o aluno desenvolverá autoconfiança e habilidades de comunicação, compreensão, organização, planificação, avaliação, além de superar dificuldades encontradas no trajeto escolar. 

    Logo, a chave para o desenvolvimento de tais habilidades no corpo discente, está na  formação do corpo docente para que tenha o entendimento da importância de ensinar e de como ensinar a metacognição. 


Referências:

STERMBERG, RJ. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artmed. 2000. 

FLAVELL, J.H.(1976). Metacognitive Aspects of Problem solving. In L.B. Resnick (Ed.), The Nature of intelligence (pp.231-236). Hillsdale, NJ: Erlbaum

FLAVELL, J. H. (1979). Metacognition and cognitive monitoring: A new area of cognitive-developmental inquiry. American Psychologist, 34, 906 – 911.

https://www.dicio.com.br 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Você sabe como o cérebro aprende?

O ambiente externo envia estímulos o tempo todo ao nosso cérebro através dos cinco sentidos, entretanto só alguns nos chamam a atenção e são filtrados para a memória de trabalho (uma das funções executivas: tópico já descrito por mim neste blog – leia também) localizada no córtex pré-frontal. Essas informações funcionam como imãs trazendo da memória de longo prazo informações relacionadas às atuais.

Quando raciocinamos as mensagens novas e antigas começam a se conectar e a cada repetição do processo as conexões vão se fortalecendo até que essas informações que eram novas, passam a fazer parte da memória de longo prazo, ou seja, a aprendizagem foi efetivada e assim a memória de trabalho passa a ficar liberada para processar novas informações e dessa forma somos capazes de aprender novos assuntos.

Quando decoramos, esquecemos porque não houve repetição suficiente para transformar o estudo em memória de longo prazo.

Entretanto, é importante que o mediador desse processo de ensino aprendizagem lance mão de diferentes estratégias de ensino porque, embora, o cérebro humano seja anatomicamente igual, funcionalmente é diferente, pois cada um aprende de uma forma levando em conta sua vivência e os estímulos que teve ao longo de sua vida. Além disso, o conteúdo em estudo precisa ter significado, estar contextualizado com as vivências do aluno para que a memória se consolide. 

Por isso é importante que o estudante ou a pessoa que aprende, seja o agente ativo desse processo porque para consolidar o objeto de aprendizagem na memória de longo prazo é importante que o mesmo esteja atento, motivado e focado no assunto em estudo.  

Então, não perca tempo e reforce suas conexões e transforme as novas informações em memória de longo prazo e bons estudos!

 

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Funções executivas: importância, quando e como desenvolvê-las.

            As funções executivas são fundamentais para que a pessoa seja capaz de gerenciar sua vida de forma autônoma, assim como construir reflexões próprias e intencionais para alcançar uma meta. Ou seja, são habilidades que precisam ser desenvolvidas pois controlam nosso pensamento, comportamento e emoção. Elas fazem parte das funções cognitivas. São elas: memória de trabalho ou operacional, flexibilidade cognitiva e controle inibitório.

            Essas três funções executivas quando bem desenvolvidas permitem que tenhamos habilidades em planejar, analisar, resolver problemas, raciocinar, organizar o pensamento, ser criativo, rever novas estratégias por exemplo. Além disso são relevantes para a aprendizagem da leitura e compreensão de textos.

            A importância de treinar as funções executivas é evidente também para treinar as funções cognitivas visto que esses conjuntos de habilidades estão interligados.

            A memória de trabalho é um tipo de memória de curto prazo que cuida do armazenamento e da manipulação temporária da informação. Importante para inferir e integrar as informações presentes em um texto que está sendo lido com a memória de longo prazo, levando a criança a refletir e compreender o que está lendo.  

            Já a flexibilidade cognitiva é a capacidade de mudar a perspectiva do pensar, agir, analisando as informações por diferentes pontos de vista. Essa habilidade é fundamental para resolver problemas, ser criativo e ajustar as prioridades.

            E o controle inibitório é a capacidade de controlar a atenção, o comportamento, os pensamentos e as emoções em vez de agir por impulso. Portanto, é importante para manter o foco e evitar distrações, inibindo fatores internos e/ou externos que possam atrapalhar o desempenho da atividade.

            Apesar das funções executivas serem importantes para toda a vida elas se desenvolvem gradativamente: a partir da primeira infância até a o início da fase adulta.

            Por essa razão, é importante aplicar estímulos qualitativos durante todo esse período, porém, respeitando as fases de desenvolvimento infantil. Pois, na fase adulta o desenvolvimento dessas habilidades fica mais estáveis e na terceira idade, elas já não se desenvolvem mais, apenas podem ser aprimoradas graças à neuroplasticidade, por isso a importância da estimulação cognitiva constante.

            Quando as funções executivas são desenvolvidas, a criança se apresenta: mais flexível, mais organizada, mais adaptada ao meio, mais sociável, com baixa tolerância a frustrações, pois sabe que perdas irão existir, assim como persistência para atingir seus objetivos, não ficarão desmotivadas facilmente e conseguirão se organizar frente às dificuldades.

            Portanto, o desenvolvimento dessas funções deve estar incorporado ao planejamento do professor seja ele da educação infantil, do ensino fundamental I ou II ou do ensino médio. Bem como também deve ser estimulado em casa.

            Existem várias formas de desenvolver as funções executivas, tais como: quadro de rotina (permite que a criança saiba tudo que está programado para aquele dia e ao final do dia é importante que se faça uma avaliação para conferir se tudo foi feito como planejado, desta forma estaremos trabalhando o planejar, executar e avaliar); mímica, dramatizações, brincadeira da estátua, batata quente, dobradura, lego, lince, jogo da memória, criação de listas, jogo da velha, vareta, jogos como: ludo, trilha, dama, resta 1, batalha naval, senha, hora do rush, detetive, stop, quem conta um conto, cilada, uno  e xadrez. Cada um dentro da faixa etária própria da criança.

            Entretanto, existem alguns transtornos que dificultam o desenvolvimento dessas habilidades como TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e TEA (transtorno do espectro autismo). Mas, com as estratégias certas, essas crianças também aprenderão.

            E o psicopedagogo tem um papel importante no desenvolvimento dessas funções quando por meio de sua investigação diagnóstica detecta prejuízo em alguma dessas habilidades ou em todas o que afeta diretamente a aprendizagem dele. A partir daí, cria-se estratégias de intervenção individual para treiná-las, e assim promover o ensino aprendizagem.

             

domingo, 22 de novembro de 2020

Resenha do filme: Um Amigo Inesperado (After Thomas)

    Esse filme é baseado em fatos reais, extremamente emocionante. Retrata o dia a dia de um casal e seu filho diagnosticado com autismo. 

    Kyle tem 6 anos, gosta de assistir ao desenho do Thomas, estuda numa escola especial na própria comunidade em que mora. Seus pais trabalham fora, sendo que sua mãe é enfermeira noturna então, a família conta com a ajuda dos pais, avós do menino, para cuidarem dele. 

    Ao longo do filme é possível perceber as características do transtorno do espectro autismo como: estereotipias, hiperfoco, dificuldade de socialização, compreensão e exposição das emoções e sentimentos, isolamento, entre outras. Além de evidenciar como isso afetava a vida do casal e o quão era cansativo para todos da família, cuidar de uma criança que necessitava de tanta atenção. 

    Os pais encontravam muita dificuldade em se relacionar com o filho até que o pai cogitou a ideia de enviá-lo a um internato criado por um médico especialista a fim de suprir as necessidades do filho, entretanto a mãe foi contra pois para ela isso o afastaria mais ainda do mundo real. Ela temia pelo futuro do filho, mas sabia que seu desejo era ficar sozinho em seu mundo autista.

    Já a avó tinha uma forma peculiar de se comunicar com o neto, ela usava o boneco Mickey para dizer o que o menino precisava fazer e assim, dentro das possibilidades, o menino a obedecia. 

    Depois de várias tentativas de entrar no mundo do filho e de se comunicar com ele,  os pais decidem comprar um cachorro filhote, o qual foi nomeado de Thomas por Kyle. Ou seja, ele transfere para o cachorro o vínculo positivo que tem pelo desenho animando. 

    E foi por meio do cão que seus pais conseguiram criar uma nova relação com o ele e aos poucos trazê-lo para o mundo exterior ao dele. 

    Com a convivência diária, Kyle começa a apresentar muitas mudanças em sua rotina tanto em casa quanto na escola, como: brincar, socializar, acariciar, desenhar, aprendeu a chamar os pais de pai e mãe, até desfraldou, e aprendeu o que era amar. Enfim, Todos os progressos foram conquistados devido ao contato com o cachorro. 

    Outro aspecto muito tocante neste filme é o carinho que a educadora tinha em se comunicar com Kyle e como ela vibrava com suas conquistas. Emocionou-me várias vezes, reforçando meu amor pela educação inclusiva.

    Portanto, esse longa metragem de uma maneira sensível e comovente nos deixa várias reflexões: como todos os envolvidos na criação da criança autista precisa ter paciência assim como conhecimento para lidar com as necessidades impostas por esse transtorno. Também nos leva a refletir sobre a direção em que o processo ensino-aprendizagem deve ocorrer, em especial com as crianças que têm um modo particular de ver o mundo e de vivê-lo, pois cada um tem uma forma própria de aprender e precisamos respeitar isso. E por fim, ensina-nos a importância de vibrarmos a cada novo aprendizado que crianças especiais conquistam. 

    Recomendo pais de autistas ou não, educadores, todos a assistirem esse filme e se emocionarem com essa verdadeira história. Podem deixar que não contei tudo.

    Aplaudo de pé essa família que mesmo diante de tantas dificuldades permitiu que o amor comandasse suas ações. 

    E para finalizar deixo uma belíssima frase dita pelo pai do menino durante o filme para que a internalizemos: "Não devemos rotular, cada criança é única".  

sábado, 21 de novembro de 2020

Resenha do filme: Mary e Max: Uma amizade diferente

    Embora seja uma animação "claymation" (técnica de animação baseada em modelos de massa de modelar, barro ou material parecido), não tem nada de infantil. Apresenta vários temas, tais como: amizade, solidão, "bullying", depressão, negligência, alcoolismo, suicídio, agorafobia, Síndrome de Asperger (é um estado do espectro autista), obesidade, entre outros. Entretanto, traz muitas mensagens bonitas.

    A trama, baseada em fatos reais, retrata uma amizade improvável entre Mary e Max. Mary, uma menina de oito ano que vive na Austrália e Max, um novaiorquino de 44 anos, obeso, cujo o pai o abandonou quando criança e sua mãe se suicidou. Porém, ambos tem um aspecto em comum: são solitários.

    Mary sofre bullying na escola por ter uma marca de nascença na testa e por isso não tem amigos. Cresceu ouvindo de sua mãe que fora um acidente, fruto de uma gravidez não desejada. O pai trabalha fora e quando chega a casa dedica-se à taxidermia, enquanto a mãe afoga as mágoas no álcool. Ou seja, Mary é negligenciada pelos pais e tem um vizinho que sofre de agorafobia (transtorno de ansiedade cujos sintomas são medo e reclusão). Até que um dia, ela decide se corresponder com alguém por meio de cartas, pois para ela dessa forma ela poderia encontrar um amigo. Então, encontra o endereço de Max na lista e envia uma carta para ele com o seguinte questionamento: De onde vem os bebês? Curiosidade comum de criança. Mal sabia ela que Max também não tinha amigos.  E, assim uma nova amizade inicia.

    Muitos podem pensar que uma amizade entre um adulto e uma criança poderia ser caracterizada como pedofilia, contudo o filme deixa claro essa impossibilidade, visto que Max era uma criança no corpo de um adulto. 

    Ao longo do filme, as características da Síndrome de Asperger vão se evidenciando. Max sofre com crises de ansiedade, apresenta estereotipias sempre que algo o estressa, ou sai da "normalidade" , tem problemas de socialização, não consegue chorar, assim como não identifica as emoções e as expressões faciais (para isso ele tem um livro que o ajuda), tem problemas com luzes brilhantes, barulhos e cheiros fortes. 

    O tempo vai passando, a amizade entre os dois se fortalece até que o psiquiatra de Max o aconselha a contar a verdade sobre sua doença a Mary, visto que ninguém é perfeito, todos tem problemas e defeitos. (Uma das mensagens do filme). E assim Max faz. Entretanto, nada mudou e amizade permanece. 

    Mary cresce, perde os pais, casa, vai para faculdade e decide estudar sobre o transtorno neurobiológico que seu amigo tem. Chega até a escrever um livro sobre o assunto, pensando que isso deixaria seu grande amigo feliz, porém o efeito é contrário. Max se sente traído, chateado, magoado... A amizade esfria o que deixa Mary muito triste. 

    Separada e sem a sua amizade com Max, Mary se entrega à depressão, pensa em cometer suicídio, mas é salva pela verdadeira e profunda amizade que ela e Max tinham.

    Um grande aspecto do filme são as cores usadas para retratar o mundo de cada um, o de Mary é marrom, cor favorita da menina e cinza para Max, refletindo tudo que ele considerava caótico. Entretanto, tudo que simbolizava a amizade deles era colorido, contrastando com o cenário.

    Com grande sensibilidade o filme chama atenção para a dificuldade dos relacionamentos humanos e nos faz refletir sobre as diferenças, assim como a importância de se conviver com elas. E de uma forma emocionante mostra como a vida é repleta de dificuldades e injusta aos nossos olhos, mas é dessa forma que traz um grande ensinamento: que temos que ser fortes, e que a amizade é importante para vencermos as dificuldades impostas pela vida.  

   Algumas frases marcantes do longo metragem que nos deixam vários ensinamentos, como:

1) "Ame a si próprio primeiro" (na verdade ambos buscavam por esse amor), 

2) “A vida de todo mundo é como uma longa calçada. Algumas são bem pavimentadas, outras têm fendas, cascas de banana e bitucas de cigarro” (nos mostra exatamente as dificuldades que somos obrigados a encarar durante a vida) - Max

3) "Deus nos dá parentes, mas Graças a Deus que podemos escolher nossos amigos" (Ethel Mumford) Ele escolheu a dela. 

4) "A verdadeira amizade se vê pelo coração, não pelos olhos..." (Max)

5) "Nós não escolhemos nossos defeitos, eles são partes de nós e temos que viver com eles. Nós podemos, entretanto, escolher nossos amigos e eu fico feliz por ter escolhido você" (Max)

6) "Eu acho humanos interessantes, mas tenho dificuldade em compreendê-los." (Max - característica do autista)

    Enfim, filme belíssimo, que nos deixa várias reflexões. Recomendo a todos a assistirem e sensibilizarem com essa linda e "diferente" amizade.   

   

O que é a psicopedagogia? Onde o psicopedagogo pode atuar?

                A psicopedagogia é a união de duas ciências: a Psicologia e a Pedagogia. Seu objeto de estudo é a aprendizagem humana. Podendo atuar tanto em clínicas quanto instituições como escola, empresas, hospitais, ou seja, onde tiver aprendizagem, será seu campo de atuação.

         A psicopedagogia, no Brasil, é uma especialização lato sensu, ou seja, um curso de pós-graduação. Mas, para atuar em clínicas e/ou instituições é necessário que o profissional faça pós-graduação em psicopedagogia clínica e institucional.

            De acordo com a Associação Brasileira de Psicopedagogia, artigo 2, poderão exercer a atividade de psicopedagogia no país, psicólogos, pedagogos e graduados em licenciatura que tenham concluído o curso de especialização em Psicopedagogia (com duração mínima de 600horas). *

            O Psicopedagogo clínico por meio de sua avaliação e diagnóstico identifica a melhor forma de aprender, assim como o que pode estar causando o bloqueio ou a dificuldade na aprendizagem. Portanto, ele é um facilitador da aprendizagem, a fim de torná-la mais prazerosa. Porém, o psicopedagogo também atua de forma preventiva, detectando as dificuldades de aprendizagem antes que elas se instalem. Daí a importância da intervenção precoce.

 O psicopedagogo clínico trabalha em consultório atendendo crianças, adultos e idosos, pois a aprendizagem ocorre em todas as fases da vida.  

Já o psicopedagogo institucional na escola atua com assessoria pedagógica, dá assistência aos professores, assim como a outros profissionais da instituição escolar a fim de melhorar ou prevenir o processo de ensino-aprendizagem.

O psicopedagogo hospitalar atua em todo o processo de hospitalização, ajudando o paciente a aprender sobre si mesmo, sobre como ajudar-se em sua cura, como e porque aceitar e fazer uso das medicações, além disso atua com o desenvolvimento integral desse paciente e com a manutenção de sua aprendizagem que possibilitará sua reinserção na vida escolar, ou profissional após o seu processo de alta. Também age como o interlocutor nas relações interpessoais da escuta ao paciente e a sua família, bem como aos profissionais da equipe, através de uma atuação que favoreça o atendimento em uma visão integrada biopsicossocial em saúde.

E por fim, o psicopedagogo empresarial atua na gestão educacional, ao lado dos profissionais de recursos humanos e sua ação se dá no sentido de facilitar a construção e compartilhar o conhecimento, incentivando novas formas de relacionamentos, criando coesão entre o comportamento de gestores e colaboradores.

Portanto, um campo amplo de atuação e de extrema importância visto que intervém nos problemas de aprendizagem, ensinando o aprendente o aprender a aprender, assim como busca soluções para situações como evasão escolar e auxilia na inclusão escolar. Atividade que amo e me orgulho muito de fazer parte.

 

Referência:

*https://www.abpp.com.br/documentos_referencias_regulamentacao_do_exercicio_da_atividade_em_psicopedagogia.html  

 

Resenha crítica do filme: Como estrelas da Terra” de 2007


O filme “Como estrelas na Terra” retrata a história de um menino de nove anos que sofre com dislexia, ele não é compreendido nem pelos pais nem pelas professoras do antigo colégio e inicialmente por alguns professores do internato, a nova escola. O mesmo já havia repetido o terceiro ano escolar e corria o risco de repetir pela segunda vez. Até que Ishaan já em depressão conhece um novo professor de artes, Ram, da nova escola que percebe que o garoto sofre de dislexia e decide ajudá-lo. Esse transtorno de aprendizagem era conhecido pelo educador, que decide tirar o garoto do abismo no qual se encontrava. 

Esse longa-metragem usa de diferentes artimanhas para envolver os espectadores e assim passar sua linda mensagem, como: os atores ao longo do filme vão dando vida a seus personagens, passando para o nós que estamos assistindo, suas angústias, frustrações, raiva, desconhecimento etc. Enfim, são bastante convincentes em seus papéis de pais ou professores. 

A música também tem um importante papel na trama, roubando a atenção pois traduzem as cenas, os sentimentos, os desejos, o que é importante no mundo e dessa forma nos ajuda a compreender a profundidade que o filme quer nos levar.  

Outro aspecto relevante neste filme, são as cenas, os ambientes descritos, muitos são fantasiosos porque se referem à imaginação do menino frente às atividades escolares. E dessa forma, permite-nos a experimentarmos o quão difícil é para uma criança com esse transtorno realizar determinados deveres.

A película tem todo o cuidado para ir aos poucos construindo a problemática que envolve a trama para então apresentar o real motivo pelo qual o menino tem dificuldade de desempenhar algumas tarefas escolares assim como de vida diária. Descreve com detalhes as características que o disléxico apresenta e aponta alternativas para contornar e finalmente ajudar uma criança com esse transtorno a vencer suas dificuldades.  

É um belíssimo filme que deve ser assistido tanto por pais quanto educadores. Porque nos leva a perceber a angústia que essas crianças sentem, bem como fazer com que saiamos do mundinho que somos colocados em que, como também é apresentado no filme, uma boa escola precisa seguir três pilares: ordem, disciplina e trabalho, mas sim saber que uma verdadeira escola deve ser inclusiva e ter como pilar que aprender é um direito de todos, e por isso devemos dar subsídios para todas as crianças atingirem esse aprendizado.  

Portanto, como educadora, que para tudo dá uma nota, para esse longa-metragem, minha nota é dez. É um filme que superou minhas as expectativas e que traz uma linda mensagem, começando pelo título que  já nos leva a refletir sobre a diversidade dentro de uma sala de aula, e que é preciso compreender que cada um aprende de forma diferente, cada criança tem seus próprios talentos, habilidades e sonhos, cada um tem seu ritmo de aprendizagem. E ao final deixa claro o verdadeiro papel do educador na formação de um indivíduo. 

Fabiana Sá Simões

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